terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O Aquarofilista Ansioso

O Aquarofilista Ansioso


Editorial

O Aquarofilista Ansioso



Boletim AAB - Abril de 2005
Revista Mania de Bicho

Freqüentemente, recebo ligações ou e-mails de diversos aquariofilistas reclamando porque os fatos “ecologicamente naturais” não estão ocorrendo no seu plantel, do jeito e na hora que eles queriam: hora é o casal de disco que está demorando em desovar, hora é o casal de bandeira que está custando demais para procriar, hora é o disco juvenil que está levando tempo demais para colorir, hora é planta hidrófila que está custando muito para se desenvolver e outros acontecimentos interessantes. Estas pessoas são aquelas que podemos chamar de “aquariofilistas ansiosos”.

Elas exigem resultados quase imediatos: compram os peixes hoje e querem os filhotes amanhã e se os peixes não procriam são acometidos por um grande nervosismo. Por incrível que pareça, ou pode ser simplesmente coincidência, quando ocorrem estas situações, temos a impressão que os peixes observados sofrem algum tipo de influência negativa, causada pela “ansiedade do dono” e, realmente, não realizam aquilo que o aquariofilista tanto almeja: seja crescer rápido, seja procriar, etc, e, geralmente, quando a paciência do observador se esgota e ele larga de mão, aí o animal mais relaxado dá continuidade ao seu “ciclo de vida”.

Há pouco tempo, um dos aquariofilistas que me contatava sempre, reclamando que o seu casal de acará disco não procriava, confessou-me que mexia muito no aquário; aumentava e diminuía a temperatura, adicionava uma série de produtos para escurecer e melhorar a qualidade da água, alternava a quantidade de luz, alimentava seis a sete vezes por dia, idealizava uma série de patês com altas dosagens de vitaminas e medicamentos e por fim, achando que estava assustando os peixes com a sua constante presença, fez um furo na parede, por onde ele podia observá-los o dia inteiro. Pois é, apesar de “toda a ajuda”, os peixes daquele cidadão não procriavam de jeito algum, fato que o deixava na maior ansiedade. Bem, um dia ele precisou fazer uma viagem e ficar ausente durante muitos dias, quem ficou cuidando dos seus peixes foi o porteiro do seu prédio, um senhor que não entendia absolutamente nada de aquários e de peixes e que se limitava a alimentá-los uma vez a cada dois dias, não gastando para isso mais do que cinco minutos. Neste período, quase duas semanas, a água dos aquários não foi trocada uma única vez.

Quando o ansioso voltou de viagem teve uma grata surpresa: os peixes, “mesmo sem a sua ajuda”, haviam procriado e gerado uma série de alevinos. Pois é, o aquariofilista vivido sabe que a paciência é um dos principais quesitos para se obter sucesso na procriação de peixes ornamentais e, por isso, quando queremos formar um plantel, seja de guppies, bettas, bandeiras, discos e outros, o correto é adquirirmos animais bem jovens, de forma que possamos criá-los do nosso jeito, com as nossas rações e em alguns casos, principalmente quando acarás discos, estabelecer uma interação com o animal, fato que irá ajudar bastante na época da procriação. É gratificante acompanharmos o desenvolvimento do animal, acostumá-lo a comer em nossas mãos e como o consultor – Ricardo Assunção – costuma fazer: treinar o peixe para saltar d’água e pegar o alimento em suas mãos; isto sim é “aquarismo de verdade”; é preciso ter muita paciência e vencer a ansiedade.

Lembro da ocasião em que resolvi criar Rasboras e que não havia nenhum registro, no Brasil, sobre o assunto, então passei muitos meses observando o comportamento de um grupo daqueles peixes até que chegasse a hora certa de induzi-los a procriação e obter um bom resultado. Assim, podemos afirmar que criar peixes ornamentais, oferecendo-lhes condições para procriarem em nossos aquários é um privilégio daqueles que possuem a sensibilidade da observância, da paciência e principalmente daqueles que conseguem vencer a ansiedade.

Wilson Vianna

Presidente da Associação de Aquariofilia do Brasil

Um comentário:

  1. Sr. Wilson, gostaria que me ajudasse. Estou criando um betta macho e ultimamente estou preocupada, pois ele fica no fundo do aquário o tempo todo. Ele está doente? Estou cuidando mau dele? Uma vz por semana lavo o aquario apenas com água corrente, uma esponja só dele e troco a água colocando uma dormida por 24h. Duas vezes ao dia sou comida, cerca de 1o bolinhas a cada alimentação, mas estou diminuindo porque acho que está sendo muito. O que faço? Me disseram para por bicarbonato de sodium, mas não sei se pode...

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