terça-feira, 5 de abril de 2011

IMPORTANTE É CONHECER A AGUA

A água deve ser conhecida não só quanto ao aspecto simples de ser o meio para os organismos aquáticos, mas também com relação a sua qualidade, visto as modificações, interações e possíveis efeitos sinérgicos que possam ocorrer entre os inúmeros elementos e/ou substancias componentes deste meio. Com certeza a introdução de qualquer elemento ou substancia acarretará alterações no seu equilíbrio, causando resultados nem sempre favoráveis com relação ao desenvolvimento e sobrevivência dos organismos, podendo determinar efeitos ainda não bem conhecidos ou de possível acompanhamento. Deve-se levar em conta também, a possibilidade de servir como abastecimento direto ao ser humano. Por outro lado a piscicultura intensiva ou mesmo qualquer outra forma de criadouro "confinado", consiste em produzir-se grandes quantidades em relação a superfície, volume e alimento utilizado. Esta prática é caracterizada como atividade agrícola não itinerante, onde o viveiro não se desloca, sendo a produção, salvo em circunstâncias excepcionais, obtida a partir da fertilização da própria água e/ou alimentação artificial, necessitando portanto de uma fonte econômica de abastecimento. Conhecer qualitativamente e quantitativamente os efeitos, por exemplo, dos chamados "resíduos orgânicos" lançados na água para criação de peixes, como biofertilizantes ou mesmo alimento, é fator preponderante para o sucesso consciente de qualquer "aqüicultura". Os possíveis níveis de comprometimento da qualidade da água e dos indivíduos deve ser imaginado e mensurado.


0 uso indiscriminado de resíduos, como bagaço de laranja, vinhaça/vinhoto ou mesmo de efluentes de biodigestor alimentado de "baronesa/ aguapé", deve ser visto como atitude até mesmo impensada, por não ter sido levada em conta a origem desses resíduos.


A utilização da prática "teleológica", deve ser feita conscientemente, no caso da obtenção de alimento para o ser humano, portanto sem possibilidade de contaminação. No decorrer deste artigo, procuraremos fornecer de uma maneira simples, o significado de importantes variáveis fisico-quimicas e biológicas e as interações entre elementos e/ou substâncias potencialmente tóxicas numa criação artificial ou mesmo na preservação natural de organismos aquáticos.


Aqui iniciamos, abordando apenas algumas variáveis que nos parecem importantes, não tendo portanto a intenção de esgotarmos o assunto em todos os seus tópicos, inclusive esperando que os leitores nos façam sugestões ou mesmo solicitem que abordemos questões de interesse mais imediato. Ferro: 0 ferro está presente no ambiente aquático em concentração e em formas variadas, dependendo da geologia da área e de outros componentes químicos da água, podendo ocorrer na forma iônica (sais solúveis) e em formas coloidais, formando compostos complexos naturais organometálicos ou mesmo composto húmicos. Os compostos ferrosos ocorrem geralmente em águas ácidas e freqüentemente em água sem oxigênio. Estes compostos são rapidamente oxidáveis quando em águas oxigenadas. Pode ocorrer então a formação de hidróxidos de ferro, que é um precipitado amarelo ocre, ou óxido de ferro, que toma a forma de precipitado vermelho. Águas acidas, neutralizadas pela perda de CO2, em geral para atmosfera, permitem que sais ferrosos se oxidem por ação bacteriana, ocorrendo precipitação de hidróxido de ferro. Em soluções alcalinas, a oxigenação provoca a formação de um precipitado branco-esverdeado - Fe(OH)2 - Suspensões em forma de gel ou flocos de compostos ferrosos são extremamente prejudiciais a peixes, aglutinando nos filamentos branquiais, não permitindo a troca gasosa e conseqüentemente debilidade, seguida de morte.


Também os organismos filtradores, sofrem a ação física dessas formações, podendo causar-Ihes a morte. Para a preservação de organismos aquáticos em geral, o limite estabelecido em água é de ate 0,30 mg/l de ferro. Mercúrio: No seu estado metálico, o mercúrio é pouco ou nada absorvido, mas em compensação o metilmercurio, formado a partir da ação microbiana, o que ocorre ao nível superior de sedimento depositado no fundo dos ambientes aquáticos, apresenta grande capacidade de absorção pelos organismos aquáticos. 0 mercúrio orgânico é de fácil acumulação, sendo muito tóxico, causando lesões no sistema nervoso. Segundo Jencen e Jernelov, no capítulo "Behaviour of mercury in the environment" do livro "Mercury contamination in man and this environment". 1972; o mercúrio na musculatura dos peixes ocorre, principalmente na forma de metil-mercúrio como resultado da diferença na taxa de acumulação de mercúrio inorgânico e metilmercurio. Nos peixes, além dos sintomas no sistema nervoso, acarreta rigidez, nadadeiras esticadas, movimentos lentos e perda do equilíbrio, podendo levar com certeza a morte. Em "Food and Drug Administration", FDA, 1973, 1974, encontramos que não se pode ultrapassar o limite de 0,5+g para mercúrio em tecidos de peixes, devido à sua rápida absorção e à relativa incapacidade de que estes organismos tem de excretar o metil-mercurio, nem que as concentrações em aquário produzam nenhum efeito tóxico observado nos peixes. Devido a metilação e bioconcentração de metil mercurio, os limites estabelecidos para o mercúrio devem considerar a cadeia alimentar entre os organismos aquáticos e o homem.


Nitrito-Nitrato: 0 nitrito é a forma mais oxidada do nitrogênio, provavelmente o ânion mais estável nas condições existentes nas águas superficiais. Envenenamento sérios já foram notados em crianças, devido a ingestão de água de poço contendo nitrato a uma concentração maior do que 10 mg/l, segundo Batalha & Parlatore em "Controle de qualidade das águas para consumo humano, 1977". 0 nitrito é considerado de alta toxidade e efeito mais pronunciado do que o nitrato, sendo que este último não apresenta efeitos tóxicos adversos para peixes, quando em concentrações inferiores a 90 mg/L (EPA, 1976).


Deve-se considerar que a forma nitrato, pode ser reduzida a nitrito e aí então tornar-se carginogênico para organismos, que é citado por A. D. Garcia Jr., em "Influencia de fenol na nitrificação em sistemas de lodos ativados, 1985". Considerando a alta toxidade e efeito mais pronunciado do nitrito em relação ao nitrato, recomenda-se que em mananciais a sua concentração não ultrapasse a 1 mg/l. (SEMA, 1977). Helcias B. de Pádua


Fonte: Revista Aquarista Junior nr. 13

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